sexta-feira, 24 de abril de 2009

Entrevista - Rodolfo Abrantes - 2002 - Parte 2

Na segunda parte da entrevista com Rodolfo Abrantes, ele fala sobre sua saída dos Raimundos e o que o inspirou a compor algumas faixas do novo álbum.

Entrevista concedida a Marcos Marcal, do Clique Music, no dia 11/03/2002.



Cliquemusic – Quando você anunciou sua saída dos Raimundos, já havia alguma parte desse material novo pronta?

Rodolfo – Não tinha nada, comecei a compor com o Bob um mês depois. A primeira música se chamou Estreito e foi composta lá na casa dele, meio na brincadeira. O que eu tinha em relação a planos é de que um dia eu voltaria a gravar, ainda mais porque era contratado da Warner e isso acabaria acontecendo mais cedo ou mais tarde. Minha intenção era ficar o ano passado descansando e só retomar as atividades em 2002. Acabou que rolou mais cedo, mas foi de uma forma natural, mais pela diversão mesmo. Todas as composições do CD foram feitas após a minha saída dos Raimundos.

Cliquemusic – E quais as que vocês caracterizaria como as mais emblemáticas do disco?

Rodolfo – As mais fortes são De Olhos Abertos, De uma Só Vez, Três Reis, Quem Dá Mais, Horário Nobre e Cegos de Jericó.

Cliquemusic – Você fez críticas aos meios de comunicação em Quem Dá Mais e Horário Nobre. O que te motivou a falar sobre isso?

Rodolfo – A mídia fez uma verdadeira bagunça na minha vida e deu para ver quais são as verdadeiras intenções de quem está ali no comando. Eles manipulam muito e não interessa se você está falando a sua verdade – se ela não for interessante, eles inventam uma que seja. Vi muita sujeira, muita má intenção, muita maldade, exagero... Então foi uma ocasião em que pude saber muito bem com quem eu estava lidando – de uma forma dolorosa, mas eu fiquei sabendo como realmente funcionava a mídia. E deu para ver que é uma coisa meio picareta e eu não curto muito. A divulgação desse disco vai se concentrar muito mais pela mídia impressa mesmo e pelos shows. Na TV tem muito pouca coisa que presta! Eu posso citar o Musikaos da TV Cultura, um programa muito maneiro. Tem o Clemente e o Gastão, dois caras que curtem som de verdade. É um programa que tem pensamento, rola a verdade ali. A banda toca e tem um publico de verdade, que agita à beça quando quer. Também se apresentam artistas plásticos, poetas, muita coisa legal... É um programa que vai contra tudo isso que existe de ruim na TV atualmente, essas apelações para o pessoal mostrar e tudo.

Cliquemusic – Você se associou a outras figuras do meio musical no rap Três Reis e nas duas músicas mencionadas logo acima você questiona a influência da mídia. Mas, por outro lado, um dos teus parceiros, o Xis, abriu uma concessão ao participar do reality show do SBT. Qual a sua opinião a esse respeito?

Rodolfo – Não julgo as pessoas, cada um faz suas próprias opções – e todo mundo tem liberdade para isso. Se fosse o meu caso, eu não iria para a Casa dos Artistas, mas é uma escolha minha. Não gosto de ser observado nem quando ando na rua, não gosto de gente me olhando e, conseqüentemente, não seria legal ficar por três meses em um lugar com câmeras me filmando. Conheço o Xis e a Syang, ela desde os tempos de Brasília, e o pessoal é muito gente boa.

Cliquemusic – Você está renegando o seu passado. Mas por outro lado, o teu trabalho com os Raimundos ainda te proporciona algum dinheiro que, com certeza, lhe deu meios para fazer esse seu novo projeto – mesmo renegando-o. Então gostaria de saber como você lida com essa contradição.

Rodolfo – Na boa, não estou renegando nada! Acho que só construímos nosso presente por causa do passado. Então não me arrependo de nada do que fiz e agradeço a Deus pela oportunidade de passar por tudo aquilo – tanto as coisas boas, quanto as ruins. É na adversidade que você mais aprende sobre a vida, mas se você olha para o futuro, então não pode ficar preso ao passado. Ele é importante e é legal você saber de onde você veio, mas não pode rolar uma corrente te prendendo ao passado. Saí dos Raimundos porque não queria mais tocar aquelas músicas, então não poderia cair na estrada e recorrer a esse repertório nos shows. É uma coisa que não vai existir! O passado é passado e não preciso ficar preso a ele. Comecei uma banda nova, então agora é tudo novo. Agora, quanto à questão financeira, acho que cada um possui seu estilo de vida e posso dizer que o meu é bem barato. Nunca fui gastador e ainda possuo as minhas economias. Não sou um cara rico, mas também não preciso de muito dinheiro para viver! Então estou tranqüilo e não preciso comercializar o meu trabalho agora porque a minha intenção não é viver cheio da grana. O Brasil é um país pobre e miserável e é meio vergonhoso você ser rico e tão ganancioso num país desses.

Cliquemusic – Em uma das canções do disco, Cegos de Jericó, você diz que deu adeus ao homem triste. Atualmente pode-se dizer que você é um cara feliz com essa "vida nova"?

Rodolfo – A felicidade plena é algo que ainda ninguém encontrou. Mas estou na busca e, com certeza, mais feliz do que eu era.

Cliquemusic – A primeira música que os Raimundos gravaram após sua saída foi Sanidade, que constava na demo de vocês. E é claro que podemos ler um texto de várias formas diferentes, mas algumas pessoas podem achar que se trata de uma crítica velada à sua mudança de atitude e sua saída da banda. Você vê a coisa um pouco por esse lado? Como você lida com essa primeira manifestação musical do pessoal desde a sua saída?

Rodolfo – (interrompendo) Com uma música minha, falando sobre mim! Acho que esse foi o melhor momento que Sanidade poderia ser lançada. Pela primeira vez, ela vai fazer algum sentido! Acho que a gravação ficou ótima e é a melhor música dos Raimundos em toda a carreira. O resultado ficou maravilhoso!

Cliquemusic – Você considera isso uma discreta alfinetada a suas atitudes?

Rodolfo – Mas é claro! O que você poderia esperar de quem não é seu amigo? É isso, não foi nenhuma novidade para mim. Além do mais, acho isso muito bom porque confirma quem são as pessoas. O problema não é você ter inimigos, é você não saber quem eles são. E isso é sempre bom porque você passa a não dar mais brechas. Um inimigo declarado fica lá no canto dele, enquanto você fica no seu. Agora um inimigo disfarçado senta na sua mesa, entra na sua casa e é muito pior você dar brecha para ele na sua vida. Então é muito bom que as coisas fiquem assim bem transparentes. Mas posso dizer que o Canisso é meu amigo, o cara mais maneiro que tem ali. A atitude não partiu dele, ainda temos contato!

Cliquemusic – O seu disco reflete bastante a sonoridade dos Raimundos, principalmente a da época do álbum Lapadas do Povo ouvir 30s (N.R.: terceiro álbum dos Raimundos e o de menor sucesso comercial entre os discos da banda, decorrente da mudança nos temas abordados pelo grupo). Seria uma forma de você se manter ligado ao passado?

Rodolfo – Acho que é uma coisa natural, eu compunha a maioria das músicas dos Raimundos e não mudei a minha forma de compor. Rolou um amadurecimento, isso é visível, mas não quis mudar de estilo. Meu estilo é esse e compunha assim desde a época dos Raimundos. É impossível não rolar nenhuma semelhança.

Cliquemusic – Você, de repente, estaria tocando esse repertório novo com os Raimundos, caso a banda aceitasse essa mudança de rumos? Ou uma coisa não tem nada a ver com a outra?

Rodolfo – Não, acho que a situação não rolou só por questões musicais. A amizade já estava meio fria mesmo e tudo isso que comentamos antes só confirma o que estava rolando. Acredito que a amizade verdadeira sobrevive a qualquer situação, é possível você ser amigo de uma pessoa que trabalha com você e, a partir do momento que não se trabalha mais juntos, é possível manter a amizade no dia seguinte. E se não é meu amigo hoje é porque nunca foi! Para mim, está ótimo!

Cliquemusic – Qual a sua opinião sobre o disco Éramos Quatro (N.R. primeiro lançamento dos Raimundos após a saída de Rodolfo)? Estava mais para caça-níqueis ou foi uma necessidade de os caras respirarem um pouco e elaborarem essa perda que foi a sua saída?

Rodolfo – Não sei, isso foi uma decisão deles! Não tenho opinião a esse respeito porque eu saí da banda.

Cliquemusic – Mas a sua imagem continuou associada à banda, a partir do momento em que você está ali, inclusive na própria capa do disco.

Rodolfo – O que eu posso fazer? Não tenho controle sobre isso! Estou em 90% do disco, mas não foi uma decisão minha. Só posso dizer que eu faria diferente, daria um tempo, faria músicas novas. Acho que a primeira impressão é a que fica, então acho que me lançaria de outra forma. De qualquer forma, eu não me vejo voltando para os Raimundos. Mesmo porque eu não quero, já que saí justamente para não cantar aquelas músicas.

Cliquemusic – Para terminar, logo após a sua saída dos Raimundos, surgiram boatos de que você teria se assustado com uma suposta maldição a rock stars brasileiros. Você deve saber do que se trata.

Rodolfo – (rindo) Ouvi cada coisa absurda! Uma das coisas mais loucas que ouvi foi de que eu estaria assustado com o que aconteceu com o Yuka e com o Herbert Vianna e que eu seria o próximo da lista. Isso é um absurdo! Imagina você como o protagonista de uma história dessas! O que você vai pensar da mídia? Só tem gente louca ali e não tenho nem o que comentar a respeito disso. Outra dessas histórias absurdas foi a de que eu teria sido exorcizado na Igreja Sara Nossa Terra de Camboriú. O mais legal de tudo é que não existe Sara Nossa Terra em Camboriú, isso que é o melhor de tudo! Tem gente muita louca nesse mundo e a internet é uma coisa que eu nunca gostei, nem tenho computador. É um meio que abre espaço para muita fraude, para muita mentira, você não tem como ter certeza de nada que está ali. Realmente, é um meio de comunicação rápido, global! Mas se você solta uma mentira ali, ninguém tem como provar que não é verdade. Vira uma bola de neve e eu estou fora desse povo, só tem gente louca aí!


Entrevista - Rodolfo Abrantes - 2004

Entrevista concedida a Revista Refletir, em 2004.



Rodolfo Abrantes foi a antítese daquilo que pais e mães não queriam para seus filhos, e ao mesmo tempo, aquilo que muitos filhos queriam ser, para desagrado dos seus pais. Desbo-cado, compunha e cantava músicas com conteúdo indecente e repleto de palavrões e imoralidade. Depois de oito anos de carreira com os Raimundos; de seis discos que juntos venderam mais de 2,5 milhões de cópias, e de ter estado drogado a maior parte do tempo de carreira, segundo as suas palavras, – precisava fumar maconha para sentir fome e de viver como um autômato, Rodolfo Abrantes, foi alcançado dentro de casa pelo Evangelho. Sua esposa Alexandra Horn começou a fazer cultos no apartamento em São Paulo e a convidar mulheres cristãs, para ali orarem. Num desses cultos, completamente drogado, Rodolfo se converteu, e a partir daí sua vida mudou. O ápice da mudança foi abandonar a banda que era um dos maiores sucessos, para espanto da mídia e dos colegas que não entenderam nada.


Refletir - Você diz no seu testemunho que vivia drogado. Tinha algum momento de lucidez?

Rodolfo - Raro. Nos momentos de lucidez estava desesperado para arrumar droga; eu não descansava com a questão da droga, só comia se fumasse maconha. Quando se está na estrada em turnê a parte legal é a hora que está tocando, no resto é tudo um saco. Hotel, seção de autógrafos, viajando no ônibus, tudo é muito chato. Eu me apoiava na droga para superar estes momentos, e qualquer que fosse a situação que estivesse vivendo, eu estava drogado, e para mim estava bom.

Refletir - Você nunca escondeu o fato de ser um drogado?

Rodolfo - Eu não pensava muito nisso não.

Alexandra Horn - Quando a gente está envolvida com isto, com o meio, não se dá conta, acha bonito estar doidão, fumar um baseado e, coitados dos que não fumassem, dos que ficavam em casa quando saímos para a balada. A gente começa a ter esta visão quando sai fora do meio; não me sentia culpada de nada. Torna-se tão amortecido pelo mundo das drogas que não dá para pensar muito a respeito. Eu não tinha vergonha nenhuma de dizer que tinha tomado um ecstasy, ou um ácido qualquer. Eu dizia até para a minha mãe; ia ter vergonha do que? Quem é drogado acha que vergonhoso é ser careta.

Refletir - Como foi a grande virada da tua vida?

Rodolfo - Deus virou bem rápido. Eu conheci a Alexandra em 1994, e nos encontrávamos quando eu ia tocar perto da cidade dela, e ficamos três anos sem nos ver. Ela foi morar em Londres e viver a vida dela e eu a minha para o meu lado. Até que a gente se reencontrou em 2000 e fomos morar juntos, estávamos vivendo aquele sonho de ficar juntos, pois “cozinhávamos” há sete anos aquele namoro que não acontecia; éramos muito especiais um para o outro. Mas, estávamos num nível de autodestruição muito alto, nos drogávamos muito, sem parar.

Refletir - E a sua conversão, quando se deu?

Rodolfo - Olha, foi Jesus que fez o encontro forçado com a gente. Dizem que se não é pelo amor, é pela dor. Começamos a brigar muito lá em casa, por qualquer coisa, por qualquer motivo. Eu tinha muito ciúme da Alexandra, que era hostess numa boate, e não gostava daquilo. Todo mundo em cima, até que a relação começou a acabar, fomos nos ferindo muito com palavras, e ela se voltou para Deus.

Refletir - Alexandra, você já era convertida?

Alexandra Horn - Eu tinha sim, um contato com o Evangelho. Minha família era cristã quando eu nasci, e na infância eu freqüentei uma igreja, mas, depois de um tempo, eles se desviaram. Com quinze anos eu aceitei Jesus, mas ia de vez em quando à igreja, e continuava com a vida toda errada; achava que ia ser crente depois dos trinta anos. Quando as coisas pioraram, eu falei com Deus que se Ele desse um jeito na minha vida e do Rodolfo, eu nunca mais ia largá-Lo. E aí Deus transformou nossas vidas.

Refletir - Quanto tempo duraram esses cultos?

Rodolfo - Sete semanas, mas nas três primeiras eu não estava, ia para a praia surfar.

Refletir - Alexandra, como você conheceu essas mulheres?

Alexandra Horn - Elas iam lá orar por mim, tinha uma pastora no Rio Grande do Sul, que cuidava de mim, e quando eu estava mal ligava para ela, e foi ela que me deu os telefones dessas mulheres, e elas resolveram ir lá em casa orar por mim. Tudo isso sem o Rodolfo junto e durou cerca de três meses. São mulheres muito humildes, muito simples.

Refletir - Qual foi o processo da sua conversão então?

Rodolfo - Foi maravilhoso. Lá pela terceira semana eu não tive tempo de preparar um plano de fuga – risos – e quando elas chegaram, eu fumava um baseado do tamanho de um charuto, e aí não deu para sair fora; elas lá cantando e orando e eu, doidão. No final daquele culto eu aceitei Jesus, e no meio da semana, cheio de dúvidas e incertezas, me telefonou a irmã Sandra que no culto não falava nada, era calada, e disse que estava orando por mim, e foi falando coisas que eu não tinha dito, aí eu fiquei com raiva da Alexandra, pensando que ela tinha contado para a mulher.

Refletir - Passados três anos da sua conversão, que lições você tira disso tudo, e quais são as suas perspectivas daqui por diante?

Rodolfo - A gente vê pelos frutos. E eles estão aparecendo. A primeira igreja a nos chamar foi a Sara Nossa Terra, e nesses cultos eu fazia o apelo e muita gente foi se convertendo ou se reconciliando com Deus. Deus com certeza não me tirou do inferno para ficar esquentando banco de igreja. Tenho um trabalho a ser feito, e Deus tem me dado forças para fazer o que Ele quer.


Entrevista - Rodolfo Abrantes - 2004

"...Rodolfo cedeu uma entrevista aos sites SuperGospel e DotGospel." Setembro de 2004.

Neste último fim de semana, Rodolfo e sua esposa estiveram em Goiânia fazendo shows e levando a Palavra. Vieram direto de um congresso nos EUA para a cidade a convite de uma igreja local. A banda Agente J ficou a cargo de tocar (e muito bem) para o Rodolfo algumas músicas. Entre elas: De costas para o mar, Foi bom esperar e Dia quente. Nos três dias em que esteve em Goiânia, Rodolfo cedeu uma entrevista aos sites SuperGospel e DotGospel.




Super Gospel -
Para começarmos a entrevista, fale um pouco do que você tem feito desde o fim da banda Rodox, no mês passado.

Rodolfo - Continuo fazendo o que eu já vinha fazendo, estou viajando pra levar a Palavra. O Rodox já vinha fazendo poucos shows então nem rolou mudança de rotina. Também acabei de chegar de um congresso nos EUA.

Super Gospel - Nas viagens e experiências com a banda o que você viu que mais te impressionou?

Rodolfo - Tiveram várias coisas que marcaram...Boas e ruins. Prefiro falar de uma boa. Foi um show que a gente fez no Hangar 110 (templo do Hardcore) em São Paulo. Não sei como aconteceu, mas sei que naquele dia rolou uma unção muito grande e foi o show mais louco que a gente fez. Houve um apelo no final e muita gente aceitou a Cristo naquele dia.

Super Gospel - Rodox pode continuar num futuro próximo apenas com integrantes cristãos?

Rodolfo - Eu nem tô pensando muito em banda por agora.

Super Gospel - Em qual igreja você está congregando atualmente?

Rodolfo - Estou na Bola de Neve em Balneário Camboriú. É até engraçado, pois já toquei pra milhares de pessoas e hoje tocando pra 20 ou 30 com um violão apenas, me sinto bastante feliz com isso.

Super Gospel - Ainda ouve Cassiane? O que mais tem ouvido ultimamente?

Rodolfo - Tenho ouvido bastante Hillsong: um ministério de alto nível músical aliado a uma unção tremenda. Tenho ouvido também Batista da Lagoinha, David Quinlan e alguns cantores pentecostais como Cassiane e Lauriete que é bem fogo.

Super Gospel - No chat do IG você disse que pretende ser pastor. Você pretende ser pastor, continuar sendo músico ou os dois?

Rodolfo - Pretendo conciliar as duas coisas. Nasci com a música e pretendo usá-la para adorar a Deus. Quero gravar um CD solo e sair pra pregar a palavra de Deus. Muita gente quando grava um CD fica meio preocupado se vai vender, se vai ter show pra fazer. Acho que nosso principal público é Jesus Cristo, se você estiver agradando a Ele, isso é o que importa.

Super Gospel - No começo da sua conversão a midia te deu lugar pra falar. Você acha que eles estão fechando as portas por ver que realmente você é "careta"?

Rodolfo - A mídia me chamava e ainda chama pra dar um ibope. Do tipo "olha a aberração", como se fosse a mulher de barba. Eles te chamam como um "Freak" e todo mundo quer ver você lá.

Super Gospel - Sabemos que por trás de um grande homem sempre tem uma grande mulher. Temos visto que sua esposa (Alê) tem te acompanhado por onde você vai, nos fale um pouco sobre isso.

Rodolfo - Acho que ao lado de um grande homem sempre existe uma grande mulher. Deus a coloca ombro a ombro e não é por acaso. A Alê tem sido uma grande mulher na minha vida. Estamos juntos há 4 anos e meio e muitas vezes foi ela quem segurou a onda. Deus usa muito a vida dela, como por exemplo quando eu não era cristão e ela levou uma igreja pra dentro de casa.

Super Gospel - O Rodox tinha uma característica forte: uma banda secular com vocalista cristão. Com certeza isso deu muito o que falar. Com o fim da banda, você acha que isso pode desanimar outras pessoas que gostariam de fazer o mesmo? O que você diria para estas pessoas?

Rodolfo - Acho que não. Eles devem se sentir motivados, mas devem buscar em Deus para saber a vontade d'Ele. E não tenho vergonha de admitir que fui um pouco ingênuo quando comecei o Rodox. Eu devia ter esperado mais em Deus pra saber a vontade d'Ele. É bom ficar atento, pois são idéias diferentes, pensamentos diferentes.

Super Gospel - Você parou de fazer tatuagens?

Rodolfo - Sim. Até um tempo depois que me converti ainda fiz algumas, mas hoje não faço mais. A própria palavra diz para não marcarmos o nosso corpo e além de doer muito tem todo um simbolismo relacionado a rituais pagãos. Muitas pessoas distorcem a Palavra de Deus pra poder se encaixar nela.

Super Gospel - No fórum do Rodox a grande maioria apoiou sua decisão de encerrar os trabalhos da banda, o que você diria para os outros, que não gostaram nada disso?

Rodolfo - Na Palavra, em Lucas 9:60, Jesus disse: "Deixa aos mortos enterrarem os seus mortos, porém tu vai e anuncia o reino de Deus!". Entrei no site só pra deixar uma mensagem pra galera sobre o fim da banda. Depois disso nem tenho entrado mais, nem vi jornais, revistas ou sites e o que diziam. Acho que vidas estão sendo salvas e isso é o que importa!

Obrigado ao Rodolfo por participar da entrevista. As perguntas foram feitas por Leone Lacerda e Rolstar.

Pedro Frasson

Entrevista - Rofolfo Abrantes - 2002

Ex-vocalista dos Raimundos celebra mudança de vida em seu novo álbum, à frente do grupo Rodox.

Entrevista concedida a Marcos Marcal, do Clique Music, no dia 11/03/2002.



Ninguém entendeu nada quando Rodolfo Abrantes, então vocalista dos Raimundos, anunciou que sairia de um dos mais bem sucedidos grupos de rock brasileiro dos últimos tempos. Cansado da rotina de incorporar um personagem com atitudes e posturas que não condiziam mais com sua realidade, o rapaz causou polêmica ao admitir que sua vida mudou. Motivo: teria supostamente largado todos os seus vícios e se convertido a uma seita evangélica.

Como não poderia deixar de ser, isso foi prato cheio para que parte imprensa fizesse a festa com sua imagem. De um dia para o outro, o ex-vocalista dos Raimundos foi, de certa forma, tachado como maluco por rasgar dinheiro ao renegar seu passado e se tornou motivo de chacota em paródias envolvendo seu nome, spams e toda uma variedade de zoações que criticavam sua postura em relação a esse gênero "libertário" que é o rock’n roll. Mas a fé de Rodolfo não se abalou, ele aproveitou o período de reclusão para descansar e agora retorna com o fruto de todo esse período de reflexões e mudanças de comportamento: o CD Estreito (Warner), álbum de seu novo projeto Rodox – banda que formou depois de toda a confusão com os parceiros Marcão Ardanuy (guitarra), Patrick Laplan (ex-Los Hermanos e atual Biquini Cavadão, no baixo), o baterista Fernandão (ex-Korzus) e o DJ Bob (comparsa de primeira hora na nova empreitada).

O som não difere muito de seu trabalho com os Raimundos, a diferença está no discurso. A bolacha reúne doze músicas que falam dessa nova fase na vida do ex-vocalista daquela banda sacana e desbocada, algumas com veladas referências religiosas. O Cliquemusic aproveitou o lançamento do disco para um bate-papo telefônico com Rodolfo, no qual ele fala de suas motivações para este novo trabalho, da bagunça que a mídia fez em sua vida há pouco tempo, sobre a estigmatização e os estereótipos de sua imagem de cristão e da atitude camicase de largar um dinheirinho certo por idealismo, entre outros temas. Vale lembrar que no país das rádios rock fajutas e em uma época na qual a maioria de bandas nacionais se esforçam em seguir a cartilha para se dar bem num meio em que qualquer zé-ninguém é chamado de "artista", a vida real que a hardcura de Rodolfo mostrou à audiência roqueira nada mais é o outro lado de uma mesma história, geralmente abafada por todo glamour que envolve a ilusão e o encanto apelativo do mundo pop. Confira e tire suas próprias conclusões!

Cliquemusic – Como você está lidando com essa idéia de montar uma banda que acabou não participando do processo criativo de seu disco? Como está rolando a interação com esses músicos novos?

Rodolfo – Eles eram caras que eu já sabia como tocavam, tínhamos contato e eram pessoas que eu já admirava, sabia que tinham a ver com o trampo. O pessoal recebeu o CD já tem um bom tempo, tiraram todas as músicas e estão bem empolgados com o projeto. É legal porque, já que eu gravei boa parte do disco sozinho, só vou ver ele tomar vida real quando o som rolar ao vivo. É como um processo, de etapas após etapas, com diferentes níveis de empolgação.

Cliquemusic – Inclusive a estréia do Rodox vai ser no Abril Pro Rock, certo? Vai rolar alguma surpresa? Algo além das músicas do CD?

Rodolfo – Nosso repertório é todo o Estreito, mas se pintar alguma cover legal nos ensaios ou se compusermos alguma música nova, pode rolar alguma novidade. Seria uma decisão a ser tomada em conjunto, porque agora, com a banda reunida, é melhor tomarmos as decisões todos juntos, levando em conta o que temos em comum. Mas posso adiantar que todo mundo está se divertindo, é legal você tocar uma música que realmente gosta. Não são apenas músicos contratados, é uma banda!

Cliquemusic – Está rolando uma certa tendência de parte da galera do rock nacional como você, o Chorão (Charlie Brown Jr.) e o Bê Negão (Planet Hemp e ex-Funk Fuckers, em vias de lançar seu primeiro álbum solo) seguindo uma linha de abordar temas espirituais em algumas letras de música...

Rodolfo – É uma coisa natural e se isso está rolando é porque as pessoas hoje em dia estão buscando uma evolução, mesmo que inconscientemente. Estão tentando fazer melhor os seus trabalhos e também crescer, acho isso muito válido. Aquela música do Charlie Brown Jr. (Lugar ao Sol) é linda e o Chorão conseguiu retratar tudo isso de uma forma muito legal. Acho muito bacana esse tipo de iniciativa porque você coloca esse discurso na boca da galera. O mundo espiritual é uma coisa que existe e uma palavra declarada pela nossa boca tem muito poder – só não temos a noção de quanto isso é assim. E quando as pessoas começam a cantar coisas boas, positivas, isso automaticamente faz bem para todo mundo.

Cliquemusic – Você percebe, no momento, uma certa estigmatização da sua figura como um evangélico? Como é que você está lidando com esse estereótipo associado à sua figura, a forma como parte da imprensa vem te retratando?

Rodolfo – Dá para sentir o preconceito das pessoas, muita gente é assim. Você fala que é evangélico e o pessoal já te imagina de terno, com uma Bíblia debaixo do braço pregando nos ônibus. Imaginam um cara que não vê TV, não ouve música e é cheio de restrições em relação a comportamento – do tipo "não pode isso, não pode aquilo" . E considero isso até uma visão bastante antiquada do que é ser cristão; basta ter Deus no coração e na sua vida. Jesus veio para te dar liberdade e não para te escravizar. Então é uma coisa que vai justamente de encontro a isso, as pessoas são muito preconceituosas. Mas já estou acostumado com isso, já fui discriminado por várias razões: por ser tatuado, por falar palavrão nas músicas, por usar brinco, por ser nordestino... Então isso não é novidade para mim! E é engraçado porque quando eu estava lá na estrada da autodestruição, todo mundo batia palmas. E depois que virei cristão, todo mundo começou a falar que eu estava louco. Rola aí uma certa inversão de valores e posso dizer que existe muita gente mais louca do que eu por aí dando uma de normal (rindo).

Cliquemusic – Você receia que seu discurso possa ser interpretado de forma equivocada pela galera?

Rodolfo – Acho que é um disco bem claro, quem ler as letras e ouvir as músicas pode entender perfeitamente – depende de como a pessoa vai querer enxergar aquilo. Tem gente que é preconceituosa e já vai achando ruim antes mesmo de ouvir. E quanto a isso, não se pode fazer nada! O disco está solto aí e aberto a qualquer interpretação. Li algumas matérias que já saíram e alguns jornalistas dizem que não tem nada a ver com aquilo que se especulava porque o disco não é evangélico. Agora tem outras matérias que dizem que o disco é mesmo o que se esperava porque é evangélico. E o disco é um só, mas aí cada um interpreta de uma forma. Acho que, a partir do momento que um álbum é lançado, cada pessoa que ouvir vai interpretar como quiser. Tem gente que entende, outras pessoas não entendem – assim como também tem gente que não quer entender. Vejo claramente referências evangélicas apenas em Cegos de Jericó (N.R.: petardo hardcore com referências da ideologia cristã na letra), o resto fala de mudanças de vida naturais a qualquer tipo de pessoa, de qualquer crença. Não preguei ali em nenhum momento, simplesmente dei a minha versão aos fatos.

Cliquemusic – E como reafirmar suas convicções na fogueira das vaidades do universo pop, muito ligado a futilidades e à exaltação da imagem? Já deu para obter um retorno concreto dessa mudança sentida no teu álbum ou ainda é muito cedo para se falar disso?

Rodolfo – Pois é, agora que estamos começando a fazer nosso trabalho, estão saindo as primeiras matérias. O disco foi lançado há menos de uma semana e ainda é muito cedo para que eu possa avaliar os resultados. Mas posso dizer que exposição excessiva foi uma coisa que nunca me agradou, isso interfere na sua vida e varia de pessoa para pessoa. Tem gente que lida muito bem com isso e gosta de viver nesse meio ao ponto de cultivar esse tipo de postura. Mas não é o meu caso! Gosto de poder andar na rua sossegado, de ter uma vida normal e acho que muito assédio atrapalha tudo. Me incomoda chegar para jantar em algum lugar e todo mundo ficar me olhando. Então posso dizer que atualmente tenho controle sobre o que vou fazer e meus objetivos estão bem definidos, assim como a atitude do grupo, já que não temos muita gente com opiniões diferentes envolvidas. Então está rolando uma maior tranqüilidade e acho que teremos condições de fazermos nosso trabalho da forma que imagino.

Cliquemusic – Você adotou uma atitude anti-comercial ao abandonar sua antiga banda para tentar novos caminhos. Você não receia o perigo de entrar numa sinuca de bico, comercialmente falando, ao encarar essa mudanças de temas e de sua postura de vida?

Rodolfo – O CD nasceu de uma brincadeira minha com o DJ Bob. Estávamos na casa dele e iríamos fazer uns hip-hop e acabaram saindo uns hardcore com influências de música eletrônica. Não rolou a intenção de fazermos um Cd e, se tivéssemos alguma intenção comercial, eu não faria este trabalho. Não toco por dinheiro, faço isso por diversão porque está na minha alma mesmo. Acho que se rolasse intenção comercial, o trabalho tomaria outro rumo. Considero que meu projeto já deu certo a partir do momento que consegui gravar o CD falando das coisas que queria, fazendo o som que estava a fim. Trabalhei com as pessoas que gostaria, conseguindo um resultado final de qualidade e com uma boa produção musical. Então na minha opinião, o trabalho já deu certo! Está louco quem pensa em fazer um som desse pensando em ganhar dinheiro e ficar rico. Isso nunca vai acontecer! De qualquer forma temos shows marcados e acredito que existe um público inteligente no Brasil. Tudo bem, a maioria das pessoas tem preconceito, mas também tem uma grande parte que não é assim. Quem curte som pesado vai poder ouvir e perceber que ali tem um bom disco de som pesado ali. É uma parada com a qual eu não me incomodo muito, estou bem confiante e acho que nos garantimos quanto à parte musical.


Pedro Frasson

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Raimundos - Discografia Oficial

Raimundos - Raimundos [1994]



Track List:

01. Puteiro Em João Pessoa
02. Palhas do Coqueiro
03. MM's
04. Minha Cunhada
05. Rapante
06. Carro Forte
07. Nêga Jurema
08. Deixei De Fumar/Cana Caiana
09. Cajueiro/Rio Das Pedras
10. Bê a Ba
11. Bicharada
12. Marujo
13. Cintura Fina
14. Selim
15. Puteiro Em João Pessoa II
16. Selim Acústico

Line-Up:

Rodolfo – Vocal, guitarra
Digão - Guitarra
Fred - Bateria
Canisso – Baixo



Raimundos - Lavô Ta Novo [1995]



Track List:

01. Tora Tora
02. Eu Quero Ver O Oco
03. Opa Peral Caceta
04. Pao da Minha Prima
05. Pitando No Kombao
06. Bestinha
07. Esporrei Na Manivela
08. Querendo Desquitar (Ela Ta Dando)
09. Sereia da Pedreira
10. I Saw You Saying (That You Say That You Saw)
11. Cabeca de Bode
12. Herbocinetica

Line-Up:

Rodolfo – Vocal, guitarra
Digão - Guitarra
Fred - Bateria
Canisso – Baixo


Raimundos - Cesta Básica [1996]



Track List:

01. Infeliz Natal
02. A Sua
03. Papeau Nuky Doe
04. Merry Christmas
05. Bodies
06. Puteiro em João Pessoa
07. Esporrei na Manivel
08. Bê a Bá
09. Cajueiro
10. Palhas do Coqueiro


Line-Up:

Rodolfo – Vocal, guitarra
Digão - Guitarra
Fred - Bateria
Canisso – Baixo



Raimundos - Lapadas do Povo [1997]



Track List:

01. Andar Na Pedra

02. Véio, Manco e Gordo

03. O Toco

04. Poquito Más (Healthy Food)

05. Wipe Out

06. CC De Com Força

07. Crumis Ódamis

08. Bonita

08. Ui, Ui, Ui

10. Oliver's Army

11. Nariz De Doze

12. Pequena Raimunda

13. Baile Funky
14. Bass Hell

Line-Up:

Rodolfo – Vocal, guitarra
Digão - Guitarra
Fred - Bateria
Canisso – Baixo



Raimundos - Só no Forévis [1999]



Track List:

01. Só No Forevis
02. Mato Véio
03. Carrão De Dois
04. Fome Do Cão
05. Mulher De Fases
06. Alegria
07. A Mais Pedida
08. Boca De Lata
09. Me Lambe
10. Pompem
11. Deixa Eu Falar
12. Aquela
13. Língua Presa
14. Mulher De Fase

Line-Up:

Rodolfo – Vocal, guitarra
Digão - Guitarra
Fred - Bateria
Canisso – Baixo



Raimundos - Mtv Ao Vivo [2000]




Track List:

Disco 1:

01. Fome Do Cão
02. Mato O Véio
03. Carrão De Dois
04. Nega Jurema
05. Be A Bá
06. Pompém
07. O Pão Da Minha Prima
08. Pequena Raimunda (Ramona)
09. Bonita
10. Língua Presa
11. Opa! Peraí Caceta
12. Sereia Da Pedreira
13. I Saw You Sayng (That You Say That You Saw)
14. Andar Na Pedra
15. Eu Quero Ver O Oco
16. Selim
17. Marujo
18. Deixei De Fumar (Cachimbo Da Mulher) / Cana Caiana
19. Tá Querendo Desquitar (Ela Tá Dando)
20. Boca De Lata

Disco 2:

01. Herbocinética
02. Poquito Más
03. Rapante
04. Puteiro Em João Pessoa
05. A Mais pedida
06. Deixa Eu Falar
07. Pitando No Kombão
08. Palhas Do Coqueiro
09. Papeau Nuky Doe
10. Oliver's Army
11. Pout Pourri: Minha Cunhada / You're Gonna Kill That Girl
12. Baile Funky
13. Tora Tora
14. Esporrei Na Manivela
15. Nariz De Doze
16. Me Lambe
17. Bestinha
18. Mulher De Fases
19. Reggae Do Manero
20. 20 E Poucos Anos

Line-Up:

Rodolfo – Vocal, guitarra
Digão - Guitarra
Fred - Bateria
Canisso – Baixo



Raimundos - Éramos 4 [2001]



Track List:

01. Sanidade
02. Desculpe, Mas Eu Vou Chorar
03. Nana Neném
04. Sheena Is A Punk Rocker
05. Rockaway Beach
06. Teenage Lobotomy
07. I Wanna Be Well
08. I Don't Care
09. Rock 'n' Roll High School
10. Needles And Pins
11. Do You Wanna Dance?
12. Pinhead
13. Blitzkrieg Bop


Line-Up:

Rodolfo – Vocal, guitarra
Digão - Guitarra
Fred - Bateria
Canisso – Baixo

+ Marky Ramone na bateria.


Raimundos - Kavookavala [2002]



Track List:

01. Fique! Fique!
02. Crocodilo Meio Kilo
03. Joey
04. Vento Certo (Água da Mina)
05. Kavookavala
06. El Mariachi
07. Mas Vó
08. Princesinha
09. Uabarrêba
10. Atitude Severa
11. Pegamutukalá
12. Baixo Calão

Line-Up:

Digão – Vocal, guitarra
Marquim - Guitarra
Fred - Bateria
Canisso – Baixo


Raimundos - Pt qQ cOizAh [2005]



Track List:

01. Pemba Talk
02. Sol e Lua
03. Oversize
04. Folha de Zinco
05. Macaxeira


Line-Up:

Digão – Vocal, guitarra
Marquim - Guitarra
Fred - Bateria
Alf – Baixo