sexta-feira, 24 de abril de 2009

Entrevista - Rodolfo Abrantes - 2004

Entrevista concedida a Revista Refletir, em 2004.



Rodolfo Abrantes foi a antítese daquilo que pais e mães não queriam para seus filhos, e ao mesmo tempo, aquilo que muitos filhos queriam ser, para desagrado dos seus pais. Desbo-cado, compunha e cantava músicas com conteúdo indecente e repleto de palavrões e imoralidade. Depois de oito anos de carreira com os Raimundos; de seis discos que juntos venderam mais de 2,5 milhões de cópias, e de ter estado drogado a maior parte do tempo de carreira, segundo as suas palavras, – precisava fumar maconha para sentir fome e de viver como um autômato, Rodolfo Abrantes, foi alcançado dentro de casa pelo Evangelho. Sua esposa Alexandra Horn começou a fazer cultos no apartamento em São Paulo e a convidar mulheres cristãs, para ali orarem. Num desses cultos, completamente drogado, Rodolfo se converteu, e a partir daí sua vida mudou. O ápice da mudança foi abandonar a banda que era um dos maiores sucessos, para espanto da mídia e dos colegas que não entenderam nada.


Refletir - Você diz no seu testemunho que vivia drogado. Tinha algum momento de lucidez?

Rodolfo - Raro. Nos momentos de lucidez estava desesperado para arrumar droga; eu não descansava com a questão da droga, só comia se fumasse maconha. Quando se está na estrada em turnê a parte legal é a hora que está tocando, no resto é tudo um saco. Hotel, seção de autógrafos, viajando no ônibus, tudo é muito chato. Eu me apoiava na droga para superar estes momentos, e qualquer que fosse a situação que estivesse vivendo, eu estava drogado, e para mim estava bom.

Refletir - Você nunca escondeu o fato de ser um drogado?

Rodolfo - Eu não pensava muito nisso não.

Alexandra Horn - Quando a gente está envolvida com isto, com o meio, não se dá conta, acha bonito estar doidão, fumar um baseado e, coitados dos que não fumassem, dos que ficavam em casa quando saímos para a balada. A gente começa a ter esta visão quando sai fora do meio; não me sentia culpada de nada. Torna-se tão amortecido pelo mundo das drogas que não dá para pensar muito a respeito. Eu não tinha vergonha nenhuma de dizer que tinha tomado um ecstasy, ou um ácido qualquer. Eu dizia até para a minha mãe; ia ter vergonha do que? Quem é drogado acha que vergonhoso é ser careta.

Refletir - Como foi a grande virada da tua vida?

Rodolfo - Deus virou bem rápido. Eu conheci a Alexandra em 1994, e nos encontrávamos quando eu ia tocar perto da cidade dela, e ficamos três anos sem nos ver. Ela foi morar em Londres e viver a vida dela e eu a minha para o meu lado. Até que a gente se reencontrou em 2000 e fomos morar juntos, estávamos vivendo aquele sonho de ficar juntos, pois “cozinhávamos” há sete anos aquele namoro que não acontecia; éramos muito especiais um para o outro. Mas, estávamos num nível de autodestruição muito alto, nos drogávamos muito, sem parar.

Refletir - E a sua conversão, quando se deu?

Rodolfo - Olha, foi Jesus que fez o encontro forçado com a gente. Dizem que se não é pelo amor, é pela dor. Começamos a brigar muito lá em casa, por qualquer coisa, por qualquer motivo. Eu tinha muito ciúme da Alexandra, que era hostess numa boate, e não gostava daquilo. Todo mundo em cima, até que a relação começou a acabar, fomos nos ferindo muito com palavras, e ela se voltou para Deus.

Refletir - Alexandra, você já era convertida?

Alexandra Horn - Eu tinha sim, um contato com o Evangelho. Minha família era cristã quando eu nasci, e na infância eu freqüentei uma igreja, mas, depois de um tempo, eles se desviaram. Com quinze anos eu aceitei Jesus, mas ia de vez em quando à igreja, e continuava com a vida toda errada; achava que ia ser crente depois dos trinta anos. Quando as coisas pioraram, eu falei com Deus que se Ele desse um jeito na minha vida e do Rodolfo, eu nunca mais ia largá-Lo. E aí Deus transformou nossas vidas.

Refletir - Quanto tempo duraram esses cultos?

Rodolfo - Sete semanas, mas nas três primeiras eu não estava, ia para a praia surfar.

Refletir - Alexandra, como você conheceu essas mulheres?

Alexandra Horn - Elas iam lá orar por mim, tinha uma pastora no Rio Grande do Sul, que cuidava de mim, e quando eu estava mal ligava para ela, e foi ela que me deu os telefones dessas mulheres, e elas resolveram ir lá em casa orar por mim. Tudo isso sem o Rodolfo junto e durou cerca de três meses. São mulheres muito humildes, muito simples.

Refletir - Qual foi o processo da sua conversão então?

Rodolfo - Foi maravilhoso. Lá pela terceira semana eu não tive tempo de preparar um plano de fuga – risos – e quando elas chegaram, eu fumava um baseado do tamanho de um charuto, e aí não deu para sair fora; elas lá cantando e orando e eu, doidão. No final daquele culto eu aceitei Jesus, e no meio da semana, cheio de dúvidas e incertezas, me telefonou a irmã Sandra que no culto não falava nada, era calada, e disse que estava orando por mim, e foi falando coisas que eu não tinha dito, aí eu fiquei com raiva da Alexandra, pensando que ela tinha contado para a mulher.

Refletir - Passados três anos da sua conversão, que lições você tira disso tudo, e quais são as suas perspectivas daqui por diante?

Rodolfo - A gente vê pelos frutos. E eles estão aparecendo. A primeira igreja a nos chamar foi a Sara Nossa Terra, e nesses cultos eu fazia o apelo e muita gente foi se convertendo ou se reconciliando com Deus. Deus com certeza não me tirou do inferno para ficar esquentando banco de igreja. Tenho um trabalho a ser feito, e Deus tem me dado forças para fazer o que Ele quer.


4 comentários:

  1. pow rodolfo eu achava vc muito foda aquele show philip monsters of rock vei vcs levanto a galera so q vc faiz o q vc acha q e certo cara boa sorte aew na sua vida e vo ti fala vc era o caraaaa melhor cantor de rock q ja teve aqui no brasil um abraço boa sorte aew

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  2. Cara... rodolfo é foda msm... q pena q ele deixo os raimundos
    Mas desejo o melhor pra vc

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  3. Foi uma mudança radical, mas foi melhor pra ele, felizmente e ao mesmo tempo infelizmente pq o Raimundos naum foi mais o mesmo s/ ele...vamos v na gravação do novo DVD em dezembro...

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  4. Poxa será q não tinha como conciliar a carreira e a doutrina ? Planta e raiz é um exemplo... Infelizmente existe um mercado de musica gospel como ele mesmo.pregou em um vídeo mas sei la.. As letras eram engraçadas confesso um pouco pesadas mas se de repente fosse focado em outras coisas boas e positivas ! Mas oq importa é ser feliz tentar se superar a cada dia. Que Deus esteja com a família do Rodolfo ! Marcou a adolescência de tdo mundo mas ninguém sabe oq ele passou né !

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