terça-feira, 24 de novembro de 2009

Tico Santa Cruz no Raimundos




O GLOBO - 24/11/2009

Tico Santa Cruz é o novo vocalista dos Raimundos


O vocalista do grupo Detonautas Roque Clube, Tico Santa Cruz, fará uma turnê especial pelo país, em 2010, como vocalista convidado dos Raimundos. Uma das bandas brasileiras mais celebradas dos anos 90, responsável por hits como "Eu quero ver o oco", "A mais pedida" e "Mulher de fases", os brasilienses passaram a última década em branco, desde que seu cantor original, Rodolfo Abrantes, abandonou o grupo após virar evangélico, em 2001.

De lá para cá, a banda teve várias formações. Atualmente, Digão (vocal e guitarra) e Canisso (baixo), fundadores da banda, têm no grupo a companhia de Marquinhos (guitarra) e Caio (bateria). Tico diz que é cedo para dizer que ele é o novo titular do posto.

- Não tem nada fechado, tudo ainda é muito recente. Por enquanto, são apenas alguns shows - disse.

A ideia surgiu depois que o vocalista do Detonautas revelou seu desejo de se unir aos Raimundos em sua página no Twitter. "Liguei para o Digão do Raimundos, sou fã há tempos, me ofereci para fazer alguns shows junto com eles no vocal da banda... Preciso de rock", escreveu, no dia 16 de outubro. Os fãs da banda reagiram: alguns apoiaram a ideia, outros rejeitaram Tico no posto. "Piada isso... A voz dele não serve pro Raimundos. Tá apelando", criticou o fã "Jobs" no fórum de discussão do site Raimundos WFC.-

Existe uma reação dividida de amor e ódio, mas é isso que faz a coisa toda andar - diz Tico. Ele pede apenas um tempo aos críticos.

- Aqueles que julgam pelo lado negativo já estão falando mal. Só peço que esperam e possam ver o resultado ao vivo, para então criticar - disse.

Pessoalmente, o vocalista está empolgado com a nova aventura musical.

- Detonautas e Raimundos têm uma amizade grande, o Canisso já até substituiu o Tchello no baixo quando ele quebrou o braço. Sem contar que eu sou um grande fã dos Raimundos e essa turnê é a realização de um sonho, de quem ama e respeita a banda - esclarece.

Inicalmente, Tico e os Raimundos ensaiarão a partir de janeiro, depois de sincronizarem as agendas.

- Enquanto o povo estiver no carnaval, a gente vai fazer rock - brincou.

Os fãs do Detonautas, por sua vez, não precisam se preocupar.

- Os Detonautas estão em turnê e não vou parar de fazer shows com eles por causa disso - garantiu Tico.

No próximo dia 27, ele e os Raimundos devem participar de um show conjunto em Brasília, homenagem ao produtor Tom Capone, morto em 2004. Segundo o próprio vocalista escreveu em seu Twitter, ele cantará quatro músicas: "Herbocinética", "Bonita", "A Mais pedida" e "Eu quero ver o oco".



GUIA FOLHA ONLINE - 24/11/2009


Tico Santa Cruz assume vocal do Raimundos a partir de janeiro

Agora está confirmado: a partir de janeiro de 2010, Tico Santa Cruz assume o vocal do Raimundos durante uma turnê especial pelo país. Digão, vocalista e guitarrista da banda brasiliense, afirma que o líder do Detonautas participará dos shows, inicialmente, como convidado, mas que o projeto pode se tornar mais sólido dependendo do resultado: "Vamos fazer enquanto for bacana."

Em entrevista ao Guia da Folha Online, o músico diz que esta união será muito boa para as duas partes, e que Tico é "um grande amigo e um cara extremamente competente". Sobre como será a "divisão de tarefas", Digão diz que está tudo acertado. "Nós entramos num acordo de dividir o vocal, eu cantarei algumas e ele fará a maioria, mas ficarei o tempo todo tocando guitarra e no backing vocal enquanto não estiver cantando", revela, empolgado: "Peso máximo!!"


A ideia de dividirem os palcos surgiu do próprio Tico, que postou a seguinte mensagem em seu Twitter, na madrugada de 16 de outubro deste ano: "Liguei para o Digão do Raimundos, sou fã há tempos, me ofereci para fazer alguns shows junto com eles no vocal da banda... Preciso de rock".

A partir daí, os preparativos já começaram. Já nesta sexta-feira (27), o público poderá assistir a um "aperitivo" desta nova formação durante o Festival Cerrado Virtual, em Brasília, que reúne artistas para um tributo a Tom Capone. "Esse show foi uma coincidência, tanto que nem teremos tempo de ensaiar, será uma jam de amigos em homenagem ao nosso falecido amigo e produtor", conta Digão. Nesta ocasião, Tico escolheu cantar "Herbocinética", "Bonita", "A Mais Pedida" e "Eu Quero É Ver o Oco". Show em São Paulo Antes que Tico assuma o vocal da banda, o Raimundos realiza outro show em São Paulo em 19 de dezembro (eles se apresentaram por duas vezes na capital paulista em setembro e outubro), no Kazebre Rock Bar (região leste).

Formado atualmente por Digão (vocal, guitarra), Canisso (baixo), Marquinhos (guitarra) e Caio (bateria), o grupo mostra aos fãs desde os clássicos "Tora Tora" e "Reggae do Manero" até a mais recente "Mas Vó", do álbum Kavookavala. Para quem está meio por fora da agenda do Raimundos --que tem oito shows agendados para os próximos 30 dias--, Digão conta que as apresentações "estão cada vez melhores e que um novo trabalho está em vista". Ele credita essa falta de informação (muitas pessoas ainda acham que o grupo acabou) ao fato de que "o grande público só sabe das coisas quando jogam um balde de notícias em cima". Mas diz que prefere assim, devagar e sempre: "Na hora certa, o grande público vai se dar conta".

Neste último show realizado em São Paulo, em outubro, também no Kazebre (região leste), mais de 5.000 pessoas foram assistir à apresentação da banda brasiliense.

Acesse o site oficial do Raimundos, que está sendo reformulado, para ver a agenda do grupo: www.raimundos.com.br.





segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Debandada geral no Rock in Rio 3




Debandada geral no Rock in Rio 3

Fracassa a tentativa de Roberto Medina de trazer de volta ao festival as bandas Skank, Raimundos, Jota Quest, Cidade Negra e Charlie Brown Jr, que deixaram evento em solidariedade ao grupo O Rappa

O clima não era dos melhores entre os produtores do Rock in Rio 3, depois que cinco grupo nacionais de prestígio – Skank, Raimundos, Jota Quest, Cidade Negra e Charlie Brown Jr – decidiram abandonar o festival em solidariedade ao Rappa, que tinha desistido do evento por falta de entendimento com os organizadores. Roberto Medina, idealizador e diretor da festa, foi chamado às pressas para tentar acalmar os ânimos, mas pelo jeito tarde demais.

"A ficha dele só caiu agora. Desde o começo fomos tratados com uma enorme indiferença pela produção do festival. Eles achavam que a carreira das bandas nacionais dependia do Rock in Rio. Ao contrário. Os Raimundos, por exemplo, venderam 350 mil discos em uma semana e não precisam se sujeitar a qualquer tipo de humilhação. Não volto atrás nem por um milhão de dólares", desabafou Ricardo Queirós, empresário do grupo brasiliense.

Rodolfo, vocalista dos Raimundos, também estava irredutível. "Se depender de mim não tem volta. Eu sabia que uma hora ou outra eles começariam a desrespeitar as bandas nacionais, como sempre ocorreu na história dos festivais", disse Rodolfo. Ao contrário do que foi noticiado em alguns jornais, nenhum empresário das seis bandas desistentes reuniu-se com Roberto Medina depois do comunicado oficial divulgado anteontem à imprensa. "Ninguém mais quer saber de Rock in Rio. Isso nós já deixamos bem claro", afirmou Queirós.

Acompanhado o Rappa numa turnê pelo Nordeste, o produtor e empresário Carlos Henrique também parecia pouco disposto a negociar com a organização do festival. "Não acho justo o Rappa tocar de dia, antes de um grupo como o Deftones. Isso sem falar no cachê que é ridículo (U$ 20 mil para cada atração nacional) perto de bandas internacionais não muito conhecidas, que estão pedindo no mínimo R$ 150 mil", afirmou .

Surpresa com a debandada geral das estrelas nacionais, a assessora do evento, Beth Garcia, ainda acreditava num entendimento entre as duas partes. "Se o problema é tocar antes ou depois do Deftones é possível chegar a um acordo. Até agora, pelo que eu saiba, ninguém falou de cachê, que já estava estabelecido desde o começo".

Ingenuidade

Para Roger Moreira, líder do Ultraje a Rigor, grupo confirmado no festival, a atitude das bandas brasileiras foi uma demonstração de "falta de experiência". "Acho bacana essa união e idealismo dos grupos nacionais, mas já tenho um bom tempo de carreira para não cair na mesma ingenuidade. O público, queira ou não, vai para estes festivais para ver artistas internacionais, que não dão as caras todo dia por aqui", diz Roger, que no Hollywood Rock de 1987, no auge da carreira, tocou ainda de dia e teve de se contentar com metade do palco oferecido pelos organizadores a grupos estrangeiros como Duran Duran e Simply Red. "A atitude deles não vai mudar nada. Eu sei que vou parecer cínico demais, mas é até bom que sobra um tempinho para a gente".

Tom Cardoso, 31/10/2000


A popularidade dos Raimundos em prova




A popularidade dos Raimundos em prova

Banda brasiliense lança disco duplo ao vivo, um apanhado dos mais de dez anos de carreira, e se firma como o nome mais prestigiado do rock no país.

Não são só os ladrões que esperam ansiosamente pelo lançamento do MTV Ao Vivo Raimundos, o novo CD da banda brasiliense (no ano passado, 100 mil cópias do álbum Só no Forevis foram roubadas de um depósito antes de chegarem às lojas). Hoje, após cinco discos lançados e uma década de estrada, Rodolfo (vocal), Fred (bateria), Digão (guitarra) e Canisso (baixo) são os roqueiros mais populares do país e competem em pé de igualdade com estrelas do mercado sertanejo e da axé music.

"A nossa história está toda contada nesse disco. Quem ouvi-lo vai verificar que não mudamos muito ao longo de todos esses anos. Não somos uma banda pop, ou um grupo de forró, somos uma banda de rock pesado", afirma o baterista Fred, irritado com algumas críticas que o grupo recebeu no lançamento do CD "Só no Forevis". "As rádios, claro, decidiram trabalhar com canções de apelo popular mais forte, mas quem ouviu o disco inteiro sabe que a base do nosso trabalho tinha sido mantida".

De fato, os Raimundos mantiveram uma coerência musical ao logo desses anos, o que pode ser comprovado neste disco duplo ao vivo, que junta o repertório dos cinco álbuns de carreira da banda – até o irregular Lapadas do Povo, de 1997, considerado pelos próprios integrantes como um CD mal resolvido, está representado por sete canções. Entre velhos sucessos – Eu Quero Ver o Oco, Pão da Minha Prima, Selim e Puteiro em João Pessoa – e canções menos conhecidas, caso de Rapante, Deixa Eu Falar e Deixei de Fumar, surgem poucas novidades, como uma regravação hardcore de 20 Poucos Anos, de Fábio Júnior, e uma nova versão do Reggae do Manero.

Rock brasileiro em alta?

Segundo Canisso, o rock está voltando ter um espaço maior nas rádios e na imprensa de uma maneira geral, o que não acontecia desde os anos 80, com a explosão do BRock. "Posso citar um monte de grupos que têm aparecido com força nesses últimos anos, como a gente, o Charlie Brown Jr., o Rumbora etc". Já Fred tem uma visão mais pessimista: "Não concordo. Acho que continua tudo a mesma m..., com as rádios tocando só pagode e sertanejo. Só São Paulo, a única cidade que ainda mantém duas ou três rádios destinadas ao rock, que se salva um pouco. Uma prova disso é o sumiço de várias bandas legais, que despontaram há pouco tempo. Onde é que anda, por exemplo, o Sheik Tosado?"

Para o baterista, boa parte dos grupos revelados fora do eixo Rio-São Paulo não têm estrutura para sair de suas cidades e por isso desaparecem como num passe de mágica. "A gente levou uma vida dura no começo da carreira em São Paulo. O grupo todo dormia no chão da sala da casa do Miranda (produtor e na época dono do selo Banguela, o primeiro a contratar a banda) e vivíamos duros, sem dinheiro para comer. Lembro que a gente se revezava para ver quem ia pedir grana emprestada", conta Fred. "Por sorte, soubemos manter o pé no chão e fomos fazendo uma coisa de cada vez. Conheço um grupo de Brasília, cujo nome não vou citar, que chegou a São Paulo deslumbrado, hospedou-se num hotel cinco estrelas e passou dias e dias comendo camarão. Resultado: o disco não vendeu nada, não tocou nas rádios e hoje ninguém sabe quem eles são".

Tragédia em Santos

Apesar do sucesso mantido nos últimos anos, os Raimundos chegaram a passar por momentos difíceis. Em novembro de 1997, durante a turnê do álbum Lapadas do Povo, oito pessoas morreram e 67 ficaram feridas num show do grupo realizado em Santos. O ginásio não tinha condições de receber as seis mil pessoas, que pressionaram e derrubaram o corrimão da escadaria, provocando a queda de várias. "A gente sofre até hoje por causa disso. No Brasil, roqueiro brasileiro não tem só cara de bandido, é visto como bandido", diz Fred, acrescentando: "As pessoas não morreram aquele dia porque estavam assistindo ao um show de rock. Morreram por causa da falta de estrutura do ginásio, que tinha sido aprovado por alvará falso." "Ficamos sabendo um tempo depois que o Roberto Carlos tinha se apresentado no mesmo ginásio e que as velhinhas tinham quase morrido asfixiadas", conta Canisso.

Menos trágico, mas curioso, foi o roubo de 100 mil discos do grupo em maio do ano passado, durante o trabalho de distribuição do CD "Só no Forévis". "A gravadora (Warner) ficou desesperada, mas para a gente foi até bacana. Aparecemos nos jornais durante uma semana e em dois cadernos dos jornais, no de cultura e no policial. Ouvi dizer que esta semana o nosso disco vai chegar nas lojas dentro de uma carro-forte", brinca Canisso.

Rock in Rio

Com status de banda mais votada no site do Rock in Rio, à frente de grandes nomes internacionais, como Iron Maiden e Metallica, os Raimundos já acertaram a participação no festival, mas estão fazendo uma série de exigências para subir ao palco. "Estamos pedindo tudo a que temos direito. Cansamos desta palhaçada que ocorre com os grupos nacionais nos grandes festivais", diz o baixista.

"O mais ridículo é que grande parte desses artistas gringos que toca por aqui está em decadência no exterior. Chegam aqui, exigem mil coisas no camarim, tocam e vão embora felizes da vida. Você acha que eles estão preocupados com o social? Esse negócio de ‘Por um Mundo Melhor’ (o slogan do Rock in Rio) é uma grande piada, os gringos nem sabem onde fica o Rio de Janeiro", critica Fred.

Enquanto os Raimundos não testam sua popularidade no Rock in Rio, os paulistas podem curtir alguns shows de divulgação do álbum ao vivo, que serão realizados até o fim do ano. Na próxima sexta-feira, no Palco da Represa (Via Anchieta, km 28) o grupo se apresenta no Rock’n Bass Party, evento que reúne ainda a banda Rumbora e o DJs Patife, Koloral e Ricardo Guedes. No mesmo dia, às 22h30, a MTV exibe o programa MTV ao Vivo que deu origem ao disco.


Tom Cardoso, 24/10/2000