segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Debandada geral no Rock in Rio 3




Debandada geral no Rock in Rio 3

Fracassa a tentativa de Roberto Medina de trazer de volta ao festival as bandas Skank, Raimundos, Jota Quest, Cidade Negra e Charlie Brown Jr, que deixaram evento em solidariedade ao grupo O Rappa

O clima não era dos melhores entre os produtores do Rock in Rio 3, depois que cinco grupo nacionais de prestígio – Skank, Raimundos, Jota Quest, Cidade Negra e Charlie Brown Jr – decidiram abandonar o festival em solidariedade ao Rappa, que tinha desistido do evento por falta de entendimento com os organizadores. Roberto Medina, idealizador e diretor da festa, foi chamado às pressas para tentar acalmar os ânimos, mas pelo jeito tarde demais.

"A ficha dele só caiu agora. Desde o começo fomos tratados com uma enorme indiferença pela produção do festival. Eles achavam que a carreira das bandas nacionais dependia do Rock in Rio. Ao contrário. Os Raimundos, por exemplo, venderam 350 mil discos em uma semana e não precisam se sujeitar a qualquer tipo de humilhação. Não volto atrás nem por um milhão de dólares", desabafou Ricardo Queirós, empresário do grupo brasiliense.

Rodolfo, vocalista dos Raimundos, também estava irredutível. "Se depender de mim não tem volta. Eu sabia que uma hora ou outra eles começariam a desrespeitar as bandas nacionais, como sempre ocorreu na história dos festivais", disse Rodolfo. Ao contrário do que foi noticiado em alguns jornais, nenhum empresário das seis bandas desistentes reuniu-se com Roberto Medina depois do comunicado oficial divulgado anteontem à imprensa. "Ninguém mais quer saber de Rock in Rio. Isso nós já deixamos bem claro", afirmou Queirós.

Acompanhado o Rappa numa turnê pelo Nordeste, o produtor e empresário Carlos Henrique também parecia pouco disposto a negociar com a organização do festival. "Não acho justo o Rappa tocar de dia, antes de um grupo como o Deftones. Isso sem falar no cachê que é ridículo (U$ 20 mil para cada atração nacional) perto de bandas internacionais não muito conhecidas, que estão pedindo no mínimo R$ 150 mil", afirmou .

Surpresa com a debandada geral das estrelas nacionais, a assessora do evento, Beth Garcia, ainda acreditava num entendimento entre as duas partes. "Se o problema é tocar antes ou depois do Deftones é possível chegar a um acordo. Até agora, pelo que eu saiba, ninguém falou de cachê, que já estava estabelecido desde o começo".

Ingenuidade

Para Roger Moreira, líder do Ultraje a Rigor, grupo confirmado no festival, a atitude das bandas brasileiras foi uma demonstração de "falta de experiência". "Acho bacana essa união e idealismo dos grupos nacionais, mas já tenho um bom tempo de carreira para não cair na mesma ingenuidade. O público, queira ou não, vai para estes festivais para ver artistas internacionais, que não dão as caras todo dia por aqui", diz Roger, que no Hollywood Rock de 1987, no auge da carreira, tocou ainda de dia e teve de se contentar com metade do palco oferecido pelos organizadores a grupos estrangeiros como Duran Duran e Simply Red. "A atitude deles não vai mudar nada. Eu sei que vou parecer cínico demais, mas é até bom que sobra um tempinho para a gente".

Tom Cardoso, 31/10/2000


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