quarta-feira, 28 de julho de 2010

Diário Popular - Raimundos agita o Centro de Eventos - Julho de 2010


Rio Grande recebeu, na noite de sexta-feira (16), um dos nomes mais importantes do rock brasileiro: a banda Raimundos. O show, que aconteceu no Centro de Eventos da cidade, balançou centenas de fãs de todas as idades. Em cerca de uma hora e meia, o grupo provou que mesmo com 20 anos de história ainda é muito atual.

Confira no ícone de vídeo ao lado flashes do show e uma entrevista com integrantes da banda.

Digão, Marquim, Canisso e Caio enfrentaram as baixas temperaturas registradas em Rio Grande e apresentaram os grandes sucessos dos Raimundos com fidelidade. O público fez sua parte e cantou junto todas as músicas.

Fãs de diversas regiões vieram acompanhar a banda. Diego Aldecoa e Ignacio Galeando saíram de Montevideo para assistir o hardcore dos Raimundos ao vivo. O show foi o único na região, mas os seguidores do grupo aguardam o lançamento de um DVD ao vivo ainda este ano.

Ahhh, Shaninha ♥

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Gol a go! Entrevista com Rodolfo - 2010




Coluna Gol a Go!

Aqui, você vai encontrar um bate-papo com músicos sobre futebol (jura?), seus clubes de coração, opiniões e qualquer outra idiotice que aparecer sobre o saudoso esporte bretão.
Desta vez entrevistamos o Rodolfo, ex-vocalista dos Raimundos. Atualmente é cantor gospel.

Mesa Quadrada: Rodolfo, Flamengo vem passando um momento conturbado, mesmo, saída de alguns jogadores, promessas de grandes reforços e principalmente uma nova ideia de gestão do clube com a chegada do Zico. Como você avalia até o momento o mandato da presidente Patrícia Amorim?

Rodolfo: Como torcedor do Flamengo estou otimista. Ela pegou um clube com grandes e antigos problemas, difíceis de solucionar de uma vez. Mas creio que a proposta dessa nova gestão é de mudanças a longo prazo, e a vinda do Zico dá credibilidade para o clube.

Mesa Quadrada: Na sua visão, o que faltou para o Flamengo ir longe na Libertadores da América? As peripécias de Adriano e companhia na Chatuba influenciaram no resultado?

Rodolfo:O Flamengo só jogou a Libertadores como se deve jogar na última partida. Passou o torneio inteiro pensando que estava jogando o Carioca e só acordou no final. É claro que os problemas de falta de profissionalismo e de mau exemplo desanimam a todos os que esperam concentração máxima a fim de alcançar os objetivos, mas o grupo é muito bom, pena que não conseguiram reverter o resultado.

Mesa Quadrada: Na época dos Raimundos, você sempre fez referencias ao Flamengo, gravou o clipe do Puteiro em João Pessoa com a camisa do mais querido, fez a música CC De Com Força, que também fala do Flamengo, sem contar que nos shows sempre tinha uma bandeira do Mengão.O Flamengo sempre esteve muito presente na sua vida?

Rodolfo:Herdei o Flamengo do meu pai, que também jogou na base de alguns clubes como o Náutico. Ele era muito fissurado, assistia a qualquer jogo que passasse e eu também fiquei assim. Quando comecei a entender um pouco sobre o esporte foi na década de 80, com o Flamengo conquistando Brasileiros, Libertadores, Mundial, então não foi difícil me apaixonar também.

Mesa Quadrada: Você costuma ir a estádios ou é torcedor de sofá?

Rodolfo:Por morar em Balneário Camboriu, sou mais do sofá. Mas sempre que tenho a oportunidade, durante as viagens, eu vou aos estádios e assisto qualquer jogo, igual meu pai.

Mesa Quadrada: Fora o Vasco, existe algum outro rival que você não tenha nenhuma simpatia?

Rodolfo:Eu já odiei mais o Vasco. Ano passado eu até torci por eles na série B, tem alguns jogadores de lá que fazem parte da mesma igreja que eu, então fica difícil secar os caras. Mas eu gosto de implicar com minha sogra que é gremista roxa.

Mesa Quadrada: Você tem alguma “superstição” para assistir os jogos do Flamengo?

Rodolfo:Não, mas eu falo com a televisão o jogo inteiro e fico realmente tenso.

Mesa Quadrada: O que te deu mais alívio: o gol do Petkovic de falta em 2001, o gol do Ronaldo Angelim na última rodada do Brasileiro de 2009 ou sair dos Raimundos?

Rodolfo:Olha, foram três alegrias muito grandes, duro de comparar, mas de “bate-pronto”, por ser o mais recente, o Angelim é o cara.

Mesa Quadrada: Esta confiante no Brasil nesta Copa, mesmo com 300 volantes e apenas um meia criativo?

Rodolfo:Parece seleção de MMA, mas vamos lá. É Brasil!

Mesa Quadrada: Falando de música, sua principal influência na época dos Raimundos era os Ramones.
Na carreia gospel, qual seriam elas? Ainda escuta as bandas que você gostava quando era adolescente?

Rodolfo:Gosto muito de bandas como Jesus Culture, Brooke Frazer, Misty Edwards, uma galera que está mais voltada para adoração profética.

Mesa Quadrada: Existe algum tipo de saudade da época dos Raimundos?

Rodolfo:Gostaria que a amizade que eu tinha com eles ainda existisse, tenho esperanças que no futuro isso seja restaurado.

Postado originalmente no Mesa Quadrada, por Diego.



quarta-feira, 23 de junho de 2010

Raimundos, 10 anos de HC - 1999 - Parte III


Rodolfo: Um Peão do Rock

Empolgado com a gravação de “Só No Forévis”, Rodolfo atendeu à Rock Press com uma simplicidade às vezes difícil de se encontrar em bandas do mesmo porte que o Raimundos. Além de falar sobre o gravação em si, ele revelou também seu projetos para o mercado fonográfico brasileiro, e para revitalizar a cena rock de Brasília. Com vocês, um legítimo peão do rock:

- Como foi a gravação do disco novo?

Foi o bicho cara, foi a gravação mas maneira do mundo. De todos os discos da gente, foi o mais alto astral, clima bom, as músicas saíram fácil, foi gravado até num tempo bem rápido, um mês e meio.

- Por que vocês resolveram dessa vez fazer o álbum todo no Brasil?

Porque lá fora foi a maior merda do mudo, eu não gosto dessas paradas de sair fora, não...

- Você acha que o “Lapadas” ficou ruim?

Não é que ficou ruim, mas é aquele negócio, você dá uma festa, compra comida pra c*, a melhor cerveja da terra, e não estão os teus brothers ali. Não tem ninguém, você dá uma festa pra você. A gente gravou, não teve nem participação de ninguém, tava todo mundo isolado, todas as músicas foram feitas lá... Eu não gosto de sair do Brasil, não, eu gosto daqui e fiquei triste lá.

- Mas fazendo uma comparação, a produção lá de fora é tão boa quanto a nacional?

O resultado em termos de música foi muito bom, eu gosto do “Lapadas” pra c*, é um disco porrada pra cacete, eu acho que a gente conseguiu o som que a gente queria naquele disco. Mas esse foi muito mais astral, as músicas estão muito mais legais, mais peão...a produção aqui fechou o time, esses caras são os caras.

- E como é que está em termos de letras, as sacanagens estão de volta?

É uma questão de momento, eu nunca forcei essas paradas, não, elas sempre saíram numa boa. Esse tem umas sacanagenzinhas, mas eu não penso muito nisso, não. O fato de eu estar mais em casa, fez com que saísse mais esse tipo de coisa.

- E o som, como é que está?

Continua a mesma porrada, mas tem umas músicas mais bonitas. Tipo assim, não tão hardcore, aquela gritaria. Tem uns hardcores mais cantados. Rápido pra c*, mas cantado. Tem mais melodia nesse disco. O “Lapadas” é muito falado, as músicas são muito rápidas. Nesse cada música tem mais melodia, e tem umas músicas gritadas também. Esse disco tá variado pra c*. Saca aquela viagem do “Lavô Tá Novo”? Cada música é de um jeito naquele disco, e esse tá assim, mais ou menos do mesmo jeito, bem variadão. Mas tá peão do mesmo jeito, a mesma coisa.

- Como é ser “peão do mesmo jeito”?

Cara, peão, é porque a gente é peão. O Raimundos chamou a atenção quando apareceu porque era peão. Na definição da mídia tinha aquele negócio do forró, de duplo sentido, sacanagem, não sei lá o que. Isso é pra gente é “peãozisse”. Tipo assim, pra você ver o que eu estou te falando, o “Lapadas” é um disco que não é muito peão, é legal pra c*, mas não é peão. Esse tá mais peão, tá peão demais até.

- Pode ser considerado um retorno às origens?

Total, só que numa nova fase. Não é uma parada que vem tipo, um outro Raimundos, é o mesmo Raimundos. Lembrando o antigo, mas é novo. Nesse disco as músicas estão muito bonitinhas, umas músicas maneiras da porra.

- As músicas foram todas feitas no estúdio, ou vocês já tinham alguma coisa pronta?

No “Lapadas” a gente sofreu, muita música foi feita lá. Agora, quando a gente começou a ensaiar, já tinha umas quatro feitas, o Digão já tinha vários riffs gravados, neguinho já cheio de idéia. Entramos no estúdio e já estava tudo pronto... Só faltavam três letras que saíram assim, sem fazer a menor força. Foi maravilha, esse disco foi o maior relax. Ainda mais que foi na frente do surf (o estúdio AR fica na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, a uma quadra da praia). Era todo tia: chegava no estúdio, um surfezinho antes de gravar, um surfezinho depois. Qualquer meia hora que você dá uma caidinha e já vale teu dia.
Não rolou de fazer uma surf music, colocar uns riffs tipo Dick Dale?

Rapaz, não sei não, mas tem umas guitarras muito loucas, uma viagens...Você falou uma parada legal, o surf com certeza influenciou esse disco sim. O Digão também tá á pegando altas ondas.

- Você tocou nesse disco?

Eu toquei duas guitarras só. Porque eu componho muito junto com o Digão. A gente sempre dá opinião em tudo pra todo mundo se amarrar em tudo. Não é tipo “a guitarra é a sua parte, faça ela”. A maioria das guitarras que eu iria gravar, seria a mesma coisa da guitarra do Digão, e ia embolar o som, porque seriam duas pegadas diferentes. Então ele grava tudo, e aquela que tem alguma coisa que teria que fazer ao vivo mesmo, eu fui lá e gravei, só com o som da minha guitarra, sem nenhum efeito.

- A banda acaba de fazer dez anos, já vendeu muitos discos... O que você acha?

Tô velho pra c*... Eu tô amarradão, eu agradeço a Deus todo dia, de poder fazer uma parada que é o meu hobby. Me dá satisfação pra c*. O resto da batalha a gente tá aí mesmo, pra lutar, passar por cima dos problemas, e continuar.

- Porque que você acha que poucas bandas nos anos 90 se deram bem?

Eu acho que tem muita banda boa que não se deu bem. Eu acho que a coisa começou legal pra c*, selos independentes... Essa é a alma da parada. Com a volta de novos selos, vai voltar a ter bandas legais. Uma gravadora quer pegar um produto que já venda, uma coisa certa, quer ter retorno, porque é uma multinacional. Tudo isso é compreensível. As bandas precisam dos selos independentes, porque eles deixam elas fazerem o que elas querem. Aí dá qualidade, não vira um lance de padrão de rádio, uma banda pra vender. Eu tô até lançando um selo, com um amigo meu lá de Brasília.

- Então abre o jogo...

Chama Domingas Discos, e a gente tá lançando um disco nosso, uma bandinha em que eu tocava antes do Raimundos, o Royal Straight Flash. O disco já está pronto, eu vou lançar dois discos no mesmo mês, isso é muito f*.

- E qual é o som?

É um hardcore bem doido, falando de maldades. O Evandro faz umas letras muito doidas, e eu só toco guitarra. O CD já está lá em casa, são mil cópias. É uma parada que ninguém faria. O Domingas Discos vai ser uma grande empresa. Tipo assim, se você quer lançar alguma coisa pelo Domingas, você chega lá e paga metade, a gente paga metade, ai chegam os discos cada um fica com a metade, vende sua parte e pronto. Sem contrato, sem p* nenhuma. É uma parada pelo movimento. Pra banda que não tem nada, ela chega e já sai com o CD. É uma parada pela parada, não é por grana.

- Como estão as bandas lá em Brasília?

Brasília é uma cidade que gera tanta coisa boa, mas todo mundo rala de lá! Ainda tem um monte de moleques tocando lá. É que tem pouco selo, e o pessoal que tem potencial, faz as paradas e sai. Devia sair, arrebentar, voltar e pregar alguma coisa para a cidade crescer. Não tem local pra se tocar em Brasília. Na nossa época, tinha um espaço f*, chamado Teatro Garagem. Tinha show de pelo menos cinco bandas. Foi na época que saiu a gente, o Little Quail, o Maskavo, Oz, Low Dream, DFC, Os Cabelo Duro... Era banda pra c*, e rolava uma cena. Tinha uma galera no jornal que dava força, que era a mesma que trabalhava no rádio. Você fazia um show, tinha matéria no jornal, sua música de demo tocando na rádio junto com a do Metallica e a do Caetano Veloso. Por isso meu próximo plano e montar uma casa de shows lá, no mesmo estilo do Domingas, juntar mais uns doidos, um dinheiro, e comprar um imóvel. Porque tem esse defeito, a parada acontece, dura três meses, e acaba. Por isso tem que ser imóvel próprio.

LÍDER DO LITTLE QUAIL FOI ANFITRIÃO DO PRIMEIRO SHOW

“Foi uma festa de reveillon que foi feita lá em casa. Os meus pais viajaram, eu decidi fazer a festa escondido, tirei todas as coisas da sala. Era uma sala bem grande, eu morava numa casa mesmo, não era um apartamento. Nós montamos o palco, e a galera foi assistir. O Raimundos abriu o show, depois tocou Little Quail e fechando foi Os CabeloDuro”. É assim que Gabriel Thomaz, na época guitarrista e vocalista do Little Quail explica como foi o primeiro show do Raimundos, na passagem do ano de 88 para 89. “A formação era diferente, era o Digão na bateria, o Rodolfo na guitarra, tinha o Titi, que é o cara que fez “Selim”, nos vocais e o Canisso no baixo. O Fred eu acho que nem estava lá, ele tocava no Zona”.

Naquela época, todas as bandas estavam em início de carreira, todos eram amigos e queriam fazer alguma coisa diferente do rock caracterizado como “dos anos 80”. “O Little Quail é exatamente da mesma época do Raimundos, todo mundo tinha banda de hardcore, mas sem aquelas regras de ser punk, e ter que fazer isso, ser punk e ter que fazer aquilo. A gente era uns moleques, zoação total, queria fazer umas coisas diferentes”, comenta Gabriel.

Com essa atitude, é de se estranhar que o Raimundos tenha começado como uma banda de covers, mas Gabriel explica: “O Raimundos no início era Ramones Cover, só que tocar Ramones não era uma coisa muito comum naquela época, as bandas tocavam U2. E aí eles começaram a pegar una forrós que o pai do Rodolfo ouvia e botar numa versão bem Ramones, com os forrós em cima. Ficou uma coisa muito engraçada, muito boa de ouvir”. Assim germinava o que mais tarde toda a mídia brasileira iria chamar de forrócore, ou “peãozisse”, com prefere o vocalista Rodolfo.

Na época, a recém formada banda quase não fazia letras, mas a intenção de fazer zona e não levar a coisa muito a sério foi crucial para as primeiras composições: “O troço do palavrão começou depois, o pessoal achava muito estranho. Tanto o Raimundos quanto o Little Quail era uma coisa muito anti-cabecismo, que dominava total na terra de onde veio Legião Urbana e Osvaldo Montenegro. A onda era essa, falar besteira, porque tirar onda de ser inteligente a gente achava uma merda, tirar onda de poeta a gente achava que era coisa de mané”, completa Gabriel.

Das bandas que tocaram nesse show, só mesmo o Raimundos conseguiu atingir o sucesso do mercado brasileiro nos anos 90. Os CabeloDuro tem uma respeitável carreira no underground, e o Little Quail, depois de gravar dois álbuns, encerrou suas atividades. “O Raimundos fez a coisa certa na hora certa, tiveram muita sorte, coisa e tal”, justifica Gabriel, que agora está à frente do Autoramas, trio que faz um trabalho voltado para a surf music. “Eu acho que é muito bom o Raimundos existir, é uma banda de hardcore que entrou nas paradas, vendeu disco de platina em todos discos que eles lançaram, e quebraram um monte de barreiras”, finaliza, com propriedade.

BANDA DECRETOU PADRÃO BAIXARIA PARA A GERAÇÃO DOS ANOS 90

No mundo pop é assim, nada se cria, tudo se copia. Qualquer grupo que chega ao topo das paradas, arregala os olhos do mercado, que sai à caça do novo ícone, dentro dos moldes do anterior. Nos anos 90, a incansável busca do novo Nirvana, ou ainda da nova Seattle, foi uma constante.

No rock brasileiro não poderia ser diferente, pois são as mesmas gravadoras, os mesmos esquemas, o mesmo sistema. Assim, os padrões “engraçadinho” (na cola dos Mamonas Assassinas), “maconheiro sangue bom” (do Planet Hemp) e a “baixaria nordestina” (pregado pelo Raimundos) se proliferam de norte a sul do país. Com o fim precoce dos Mamonas e a perseguição política ao Planet, só sobrou a baixaria do Raimundos. O resultado foi drástico. Milhares de bandas tentando descolar uma nova forma de misturar forró com rock (mesmo em estilos mais conservadores como o heavy metal), e de escrachar com mulher de uma forma geral, atingindo níveis de mau gosto nunca antes alcançados. Até algumas bandas com carreira internacional consolidada caíram no erro de misturar (ou maquiar) as tais “influências brasileiras”, como o Angra e o Sepultura, por exemplo.

E o problema não era só o uso do palavrão, fato comum no rock em qualquer lugar do planeta. O problema é como o termo chulo é utilizado, em geral gratuitamente, revelando um péssimo gosto, do ponto de vista estético. O primeiro álbum do Raimundos é um exemplo típico, e espalhou essa semente em toda uma nova geração de fãs e, por conseguinte, de bandas.

Entupiu-se os escritórios das gravadoras e as redações das revistas especializadas com todo esse lixo. Algumas bandas chegaram ao lançar trabalhos por grandes gravadoras, mas a grande maioria, é óbvio, não conseguiu ir em frente, não só por uma questão do mau gosto em si, mas sobretudo por se tratar de um sub produto de outro grupo, a falta de criatividade plena.

BANGUELA MOSTROU O CAMINHO PARA OS SELOS INDEPENDENTES

Criado pelo jornalista e produtor musical Carlos Eduardo Miranda, em parceria com parte dos Titãs (o primeiro entrava com as bandas, e o segundo com a grana), o selo Banguela foi o primeiro no cenário nacional a conferir uma certa viabilidade para o lançamento de novas bandas a custo reduzido e com distribuição por uma major, no caso a Warner, a mesma gravadora dos Titãs. A idéia foi tão boa que boa parte das grandes gravadoras passou a apostar nos novos selos, principalmente os regionais, dado o tamanho do nosso país. A Sony criou o Chaos, que acaba de completar cinco anos, a BMG ressuscitou o Plug, e a Polygram possui um verdadeiro cast de pequenos selos dos estilos mais variados, que já lhe rendeu artistas como Zeca Balero, Júpiter Maçã e Acabou La Tequila, entre outros.

Mais ainda, mostrou a viabilidade (ainda não consolidada) de se erguer um mercado para bandas e estilos de pequeno e médio porte, sem a necessidade de altos investimentos, e tampouco, de grandes astros. Provou que uma banda pode sobreviver no mercado sem vender milhões, mas sendo a profissão de seus integrantes.

O que a Banguela não conseguiu foi convencer a Warner (e nem as outras majors) disso. Resultado: num processo antropofágico, a Warner digeriu o sucesso do Raimundos, e deixou de lado todas as outras bandas do selo, que teve que acabar. Essa é uma questão até hoje mal esclarecida, não se sabe se existem problemas legais ou mesmo jurídicos, mas boa coisa não foi.
A versão oficial dá conta de que o contrato com a Warner foi rescindido, e o novo cast da Banguela teria passado para a Excelente Discos, de propriedade de Miranda, inicialmente distribuído pela Polygram (atual Universal), e depois pela Abril Music.
À frente do Banguela, Miranda capitaneou o maior número possível de bandas novas, mas não teve o apoio da Warner para lançar todas, como a Graforréia Xilarmônica, o Liguachula, e o sem número de bandas que participaram das três coletâneas lançadas pelo selo.
O mais importante, porém, é que a partir daí gravadoras independentes pipocaram por todo o país, ampliando o mercado e os horizontes da mídia. O Banguela cumpriu o seu papel. Que cada novo selo também faça a sua parte.


FIM!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

DVD EM BREVE!

Segundo Digão, o Raimundos está acertando detalhes a respeito de um DVD. Veja o post na comunidade Raimundos Oficial:





Agora é aguardar!


domingo, 23 de maio de 2010

Entrevista a Paulo Marchetti - 2000




Em 2000 após sete de MTV Brasil, saí da emissora e fui ser editor de música de um site chamado TantoFaz.net que hoje não existe mais. Naquele ano inclusive ganhamos o prêmio IBest de Melhor Site Para Adolescentes. Bom, o fato é que entrevistei muita gente legal. Muitas dessas entrevistas perdi, mas outras acabei encontrando em disquetes que julgava perdidos.

Aqui a conversa é com Digão, então guitarrista do Raimundos. Ela aconteceu durante a gravação do disco do Filhos de Mengele, na casa de Carlinhos Bartolini, onde nós estávamos gravando as bases de bateria e baixo. Infelizmente a idéia do disco não foi adiante, mas atualmente nos reunimos novamente e agora só falta eu colocar as vozes e quem sabe ainda em 2008 o tão sonhado disco do Filhos de Mengele finalmente seja lançado. Essa conversa com Digão aconteceu em 2000, mas não lembro exatamente quando. Além dessa gravação também nos reunimos no Palco B do festival Porão do Rock para uma rápida apresentação. No site da Trama Virtual, colocando na busca Filhos de Mengele, você poderá ouvir e baixar essa apresentação no Porão do Rock e duas demos tiradas dessa gravação de 2000.

Ah!!! De quebra há, no final, uma entrevista relâmpago com Canisso e Rodolfo que não sei onde e quando aconteceu. Provavelmente no início de 2001 ou final de 2000...



Paulo Marchetti - Como começou esta história de gravar um cd com os Filhos de Mengele?
Digão - Nós nunca gravamos um disco, acho que era uma coisa que tava devendo, porque eu sempre tive vontade também de registrar as músicas que marcou uma época muito forte pra mim.

Paulo Marchetti - Quanto tempo você ficou na banda?
Digão - Fiquei de 86 até 89. Em 89 eu já tava desencanado.

Paulo Marchetti - Mas você saiu por quê, por causa dos Raimundos ou…?
Digão - A banda foi desencanando e foi rolando o Raimundos, né… Aí fiquei com os Raimundos até 89/90 aí a banda acabou…

Paulo Marchetti - Acabou Filhos de Mengele e Raimundos?
Digão - É

Paulo Marchetti - E o que você ficou fazendo nesse período?
Digão - Fiquei só tocando viola, né. Vendi uma parte da minha bateria e viajei pro Rio, aí a grana acabou, voltei pra Brasília.

Paulo Marchetti - Você trabalhava nessa época?
Digão - Cheguei a trabalhar. Trabalhei com os meus pais, trabalhei na firma do meu irmão, trabalhei em loja, trabalhei na Funsef, eu até encontrava com o Betinho (roadie dos Raimundos), o Betinho fazia manutenção de impressora, sei lá, limpava… sempre fazia a mesma coisa (risos) era o Betinho, brother… amigo nosso…

Paulo Marchetti - Há quanto tempo vocês estão em turnê com o Só no Forevis?
Digão - A gente tá no Só no Forevis há um ano… já passou de um ano.

Paulo Marchetti - E quando vocês irão lançar este disco ao vivo?
Digão - Agosto… vamos lançar em agosto.

Paulo Marchetti - E já tá tudo pronto? Mixado?…
Digão - Não… mas já tá gravado.

Paulo Marchetti - Já foram escolhidas as músicas?
Digão - Ainda não, mas iremos escolher ainda esse mês.

Paulo Marchetti - Quantas tem?
Digão - Cara, acho que são uns seis shows gravados. Seis shows para escolher…

Paulo Marchetti - E quantas irão entrar? Você já tem idéia do que querem? Umas quinze?
Digão - Mais, cara, vai ser um duplo ao vivo… It’s Alive… (Nota: Digão se refere ao primeiro disco ao vivo do Ramones).

Paulo Marchetti - E esses seis shows foram fotografados, foram filmados?
Digão - O de Curitiba principalmente, tem muita foto do Beto. Acho que vai sair mais as fotos do show de Curitiba, que tem muito material legal. E as músicas também no show de Curitiba foram bem legais, então acho que boa parte vai ser d’ali. Porque o show de Curitiba já era o quinto e o sexto show, já tava redondo, familiarizado, consciente, tudo… No dia do show… porra, maior esquema e tal, tocar direitinho, tocar em cima da parada...

Paulo Marchetti - E vocês estão fazendo tudo, produção…? Com quem vocês estão trabalhando?
Digão - Estamos com o Tom Capone. Estamos fazendo com a mesma equipe.

Paulo Marchetti - A mesma equipe do Só no Forevis?
Digão - É, e o Miranda também. Acho que o Miranda tá na parada, não sei. O Miranda tá junto né… o Miranda é o Guru espiritual da banda. O Miranda não precisa falar, ele tem que estar lá, cara. Tem que estar a banda toda pra gravar e pra fazer as paradas, que rola legal. O Miranda tem que estar lá, cara.

Paulo Marchetti - Vai sair uma foto ao vivo na capa?
Digão - Não, acho que vai sair um desenho. Porque assim (risos)… outro dia eu tava doidão assim né, aí neguinho lá e tal, e aí eu falei: pô a gente podia fazer um dia, um disco acústico, que poderia chamar Cantigas de Roda, aí o Rodolfo: “Caralho, Cantigas de Roda”, porque né, é o ao vivo pra galera pogar. Então aí ele quer fazer tipo uma fogueira, um desenho com uma fogueira e todos os personagens, curupira, mula-sem-cabeça, saci, todo mundo dançando e fazendo uma roda na fogueira, de mãos dadas. Todo mundo achou do caralho essa idéia. Eu acho legal também…

Paulo Marchetti - Bom, os hits vão estar certamente. Palhas, Nega Jurema
Digão - Tudo, tudo, tudo. Quer ver uma música que não vai estar…Carro Forte não vai estar, Bicharada não vai estar, Cintura Fina… só.

Paulo Marchetti - E vocês vão emendar uma turnê na outra, como vocês sempre fazem?
Digão - É , a gente nunca parou na verdade…

Paulo Marchetti - Pois é cara, é uma doideira. E vocês não sentem falta de umas férias?
Digão - Eu sinto, principalmente agora, por causa das crianças. Sinto uma falta de ficar com a molecada, mas é o problema da onda né cara, é a onda, você tem que ir junto, não pode parar…você tem que parar na hora que ela parar, aí você pára. Você pára e vai…não parou, então a gente ainda tá lá, ainda estamos remando, ainda estamos dentro da onda.

Paulo Marchetti - Onde que vocês compõem, no hotel, na estrada?
Digão - Aí que tá, foram vários lugares. O primeiro foi em Brasília, o segundo foi num estúdio em São Paulo, a gente alugou um estúdio e foi fazendo as músicas, o terceiro a gente não ensaiou, só fizemos uma música, que é o Cesta Básica. O Lapadas… fizemos na casa do Canisso, em Alphavile, no estúdio… e o Só no Forevis fizemos em São Paulo, na casa do Rodolfo, no esquema mais fulero… tipo peguei uma bateria eletronica, uma guitarra velha dele, que tava num pedestal, e enrolamos uma liga de borracha e fizemos um pedestal de microfone pra cantarmos sentados no sofá, então foi o maior esquema punk, assim isso dá maior lance pra você gravar, tipo dá maior energia legal. Você não está num estúdio cheio de equipamentos, cheio de coisas, tudo bonitinho, não, a gente tá largado e fazendo música.

Paulo Marchetti - Então vocês costumam compor tudo junto? É dificil alguém chegar com alguma coisa pronta?
Digão - Não, pronta, pronta…o Rodolfo faz isso. Uma ou outra ele chega com a música pronta, sacou…é um ajuste ou outro…é ínfima a mudança. O Rodolfo, de vez em quando, faz isso. Eu chego muito com riff e vamos montando as músicas.

Paulo Marchetti - Canisso a mesma coisa?
Digão - Canisso é raro. Ele, de vez em quando, fala uma frase, tipo “eu quero ver o oco” que foi dele. O cara é que gritou “Eu quero ver o oco” e pronto. É importante, o cara fez simplesmente a mais importante sacou? E só fez isso também (risos), mas é o mérito, é a parada, é cada um…

Paulo Marchetti - E quantos shows vocês fizeram nesse ano de Só no Forevis?
Digão - A gente deu muito show cara, já batemos a casa dos cem.

Paulo Marchetti - E qual a média de shows por mês?
Digão - Doze , treze…são uns quatro shows por semana.

Paulo Marchetti - Tem algum lugar que vocês não foram? Vocês já foram tipo pro Acre, pra Manaus?
Digão - Fomos. Acre, Manaus , Porto Velho, Rio Branco, fizemos tudo, fizemos Campo Grande, fizemos Cuiabá…

Paulo Marchetti - E a galera era legal? Porque tem poucos shows por lá né?
Digão - Porra, pintou uma galera, porque a galera é carente pra caralho lá, né.
Manaus foi a primeira vez que a gente teve público acima de vinte mil pessoas, só nosso, tinham vinte e três mil, Manaus cara, debaixo de uma chuva tropical, faltou luz, a gente tocou com o gerador da casa, e dando uns raios véio…tinham uns raios que passavam em cima do público, e na nossa frente, caralho véio!!! Só tinha visto isso em Curitiba no show do sepultura…

Paulo Marchetti - Naquele que vocês fizeram com…
Digão - Com os Ramones, Sepultura, que choveu no dia, na hora do Sepultura, os caras tocaram sete músicas, era assim… a gente tocando e, em volta de pedreira, véio, só raio, raio e o Sepultura…ficou o maior cenário maquiavélico.

Paulo Marchetti - Você tem ainda contato com o CJ Ramone?
Digão - Só quando ele vem no Brasil que a mulher dele me liga… me ligava porque não tem mais meu telefone, e sempre, toda vez que ele tava no Brasil, ele queria falar com a gente. Do caralho, CJ é brother pra caralho!

Paulo Marchetti - Então cara, vocês não vão parar de fazer turnê, vão continuar fazendo show até o final do ano e vão indo…?
Digão - É, até a parada dar uma acalmada boa.

Paulo Marchetti - Tem alguma música inédita nesse disco ao vivo?
Digão - Não, mas eu já tenho músicas inéditas.

Paulo Marchetti - Mas vocês estão tocando alguma música nova?
Digão - Não.

Paulo Marchetti - Nem pretendem?
Digão - Não, por enquanto não, nada. Eu quero guardar tudo para um disco novo.

Paulo Marchetti - Então um disco inédito só no ano que vem?
Digão - Só depois desse. Aí vai ter um tempo pra fazer um disco inédito bacana.

Paulo Marchetti - Só pra terminar, vocês vão tocar no Porão do Rock? ( Festival realizado em Brasília)
Digão - No Porão do Rock? Vamos.

Paulo Marchetti - É a primeira vez que vocês tocam nesse festival?
Digão - É, é a primeira vez.

Paulo Marchetti - Mas você já foi lá assistir alguma coisa?
Digão - Não.

Paulo Marchetti - Nunca foi lá?
Digão - Não, só vi filmagem.

Canisso - A gente gravou vários shows no decorrer dessa turnê, pelo fato da música ter emplacado e a gente teve a oportunidade de fazer uma tour bem legal. Os maiores shows, os que tinham melhor equipamento, com o público mais na palma da mão... então tinha que registrar isso. gravamos dois na Via Funchal, um em Sorocaba, mais alguma coisa em Goiânia, e gravamos dois dias em Curitiba. Sendo que no de Curitiba não vai precisar nem mexer. Ficou redondo. E a gente tem algumas músicas que ficaram melhores, vamos para o estúdio agora e vamos ver como vai ficar. Os principais shows estão gravados em vídeo. Se ele não for lançado, terá pelo menos uma faixa no CD-Rom.

Paulo Marchetti - Como você lida com as fãs mais apaixonadas?
Rodolfo - Tem que dar atenção, né? Mas você vê que essa doideira é muito culpa da mídia. Ano passado não tinha isso. Mas o assédio das fãs não me enche muito não, desde que não invada a minha vida, não vire uma doideira. Porque tem gente fanática que acaba enchendo o saco, né? Mas acho que não me incomoda não, acho massa. É um sentimento bom.

Paulo Marchetti - Se a fã for gata?
Rodolfo - Qualquer mulher gata impressiona qualquer homem. Mas é outra parada. A mina tá ali se derretendo pelo sonho.

Paulo Marchetti - O que você pode falar sobre o disco?
Rodolfo - Tivemos a idéia de lançar um ao vivo mas, para isso, tem que ser numa turnê que esteja bem legal. E essa “Só no Forévis” foi a mais legal de todas que a gente já fez. Tanto de público, quanto do som da banda. As paradas melhoraram. Então achamos que era o momento legal da gente gravar isso. Gravamos uns oito shows, porque quisemos fazer uma parada ao vivo mesmo. A gente gravou vários shows para pegar o mais legal, e colocar com os defeitos que ele tiver.

Paulo Marchetti - Não vai ter nenhum retoque?
Rodolfo - Cara, não. Se Deus quiser, não. Vai ser lançado em agosto.


sábado, 15 de maio de 2010

O perfil Raimundos é eu sim!

Resposta que Digão encontrou para provar que o perfil "Raimundos" que posta na comunidade Raimundos Oficial é verdadeiro...

O perfil Raimundos é (com o dedo em cima) eu simmmm! CACILD'S He He He

Raimundos no Brazilian Day



O Raimundos tocará dia 31 de julho em Londres, quando paricipará do Brazilian Day, festival destinado à comunidade de brasileiros e que é promovido pela Rede Globo.

Tweet do Digão: Raimundos escalado para o Brazilian Day em Londres dia 31 de Julho! Evento da TV Globo exibido no mundo todo!!! RT galera!!! Showzzzzzzzzzzz